Faz tempo que queria escrever sobre os encontros via internet. Quem
conhece esse filme pode imaginar que direção penso em tomar para discutir esse tema,mas
vamos lá.
No início dessa onda, estranhei pois, pensei eu, será que essa pessoa
não tem amigos, não é mais fácil sair, ou ir a festa... onde fazemos amigos?
Com o tempo, fui percebendo que a internet é só mais lugar de conhecer gente, como
em num grupo de discussão virtual, ou os
grupos de interesses comuns que se formam nas redes sociais,... mas é um site
de encontro. Talvez o que nos deixa perplexos é a objetividade da relação, da
mesma forma como as pessoas que frequentam os bares singles, ou fazem cruzeiros
para solteiros...
Alguns dirão, mas na internet as pessoas não estão se vendo... Sim, mas
por isso que me lembrei do filme - Nunca te vi, sempre te amei - e lembrei
também de outras situações como os namoros das pessoas do início do século XX
que eram relações via carta, e num tempo que as cartas demoravam para chegar.
Essa época as pessoas se conheciam mal, mal se viam, algumas vezes eram pessoas
da infância, outras vexes não se falavam o homem apenas passava pela rua da
"amada" que ficava na janela olhando...No filme, ele é dono de um
sebo em Londres especializada em livros raros e ela uma escritora amante de
livros raros e que não encontrava em Nova Iorque. As inúmeras cartas trocadas
pelo par vai incitando a curiosidade dos dois lados: quem é essa mulher que
compra esses livros e quem é esse homem que tem esse sebo com os livros que eu
(ela) quero! Assim vai crescendo a relação entre eles até que ela viaja à
Londres para conhecê-lo. Assim também são as relações via internet,as conversas
vão se tornando mais intensas e curiosidade dos dois lados promove o encontro.
Então, me pergunto, qual estranheza? Mais uma vez eu volto na questão da
objetividade, sim duas pessoas estão a procura de torças afetivas. Não é raro
as pessoas falarem “no meu tempo...” e vangloriamos um tempo que foi difícil,
mas soubemos atravessá-lo. È isso que nos faz saudosistas, da época em que
também acreditávamos. O amor romântico ainda perdura no nosso imaginário por
isso estanhamos as relações via internet, como se nos perguntássemos: “mas seu
amado não chegou num cavalo?”