sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Nunca te vi, Sempre te amei



Faz tempo que queria escrever sobre os encontros via internet. Quem conhece esse filme pode imaginar que direção penso em tomar para discutir esse tema,mas vamos lá.
No início dessa onda, estranhei pois, pensei eu, será que essa pessoa não tem amigos, não é mais fácil sair, ou ir a festa... onde fazemos amigos? Com o tempo, fui percebendo que a internet é só mais lugar de conhecer gente, como em  num grupo de discussão virtual, ou os grupos de interesses comuns que se formam nas redes sociais,... mas é um site de encontro. Talvez o que nos deixa perplexos é a objetividade da relação, da mesma forma como as pessoas que frequentam os bares singles, ou fazem cruzeiros para solteiros...
Alguns dirão, mas na internet as pessoas não estão se vendo... Sim, mas por isso que me lembrei do filme - Nunca te vi, sempre te amei - e lembrei também de outras situações como os namoros das pessoas do início do século XX que eram relações via carta, e num tempo que as cartas demoravam para chegar. Essa época as pessoas se conheciam mal, mal se viam, algumas vezes eram pessoas da infância, outras vexes não se falavam o homem apenas passava pela rua da "amada" que ficava na janela olhando...No filme, ele é dono de um sebo em Londres especializada em livros raros e ela uma escritora amante de livros raros e que não encontrava em Nova Iorque. As inúmeras cartas trocadas pelo par vai incitando a curiosidade dos dois lados: quem é essa mulher que compra esses livros e quem é esse homem que tem esse sebo com os livros que eu (ela) quero! Assim vai crescendo a relação entre eles até que ela viaja à Londres para conhecê-lo. Assim também são as relações via internet,as conversas vão se tornando mais intensas e curiosidade dos dois lados promove o encontro.
Então, me pergunto, qual estranheza? Mais uma vez eu volto na questão da objetividade, sim duas pessoas estão a procura de torças afetivas. Não é raro as pessoas falarem “no meu tempo...” e vangloriamos um tempo que foi difícil, mas soubemos atravessá-lo. È isso que nos faz saudosistas, da época em que também acreditávamos. O amor romântico ainda perdura no nosso imaginário por isso estanhamos as relações via internet, como se nos perguntássemos: “mas seu amado não chegou num cavalo?”

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

As Mariposa


É uma delícia observar o comportamento humano... hoje escutei no rádio Martinália cantando As Mariposa, música de Adoniran Barbosa gravada em 1974. Adoro essa música, é um primor!!! Bom mas vamos ao que interessa. Atualmente fala-se que as mulheres estão muito "dadas", fáceis, são oferecidas... mas e as mulheres cantadas por Adoniran? Elas são de 1974!!!! Não estão se oferecendo?
Já dizia Freud da saudade da infância, pois então, parece que falar das mulheres atuais é um saudosismo. Mas hoje, vão falar os opositores, que as mulheres são mais arrojadas, partem pra cima. Sim, mas vamos ver cada momento, com a moral da década de 70, será que as mulheres que Adoniran fala não são arrojadas? Ele é claro: "E as muié é as mariposa que fica dando vorta em vorta de mim, todas noite, só pra me beijá!"
Continuando... o mesmo se fala das crianças com seus tablets e celulares. Vocês já pensaram como era na época em que o rádio chegou? Ficavam todos em volta para escutar as notícias, e não se podia falar também (ainda mais que tinha chiado, o sinal era ruim...), como hoje os pais reclamam que os filhos ficam grudados 'nessa porcarias eletrônicas'!
Me lembro de ser criança e tinha a hora da novela. Sim, muitas vezes falava com minha mãe e ela demorava para responder, ou meu pai assistindo o jornal televisivo e não podíamos falar pois lhe atrapalhava. Hoje são os computadores, ou os vídeos games, sei lá!
Voltando a nossa história das mulheres. Sempre o passado é melhor, fica assim mais fácil de lidarmos com nossas dificuldades do presente. O que queremos ao denegrirmos as mulheres de hoje? Será que é difícil para nós lidarmos com essa liberdade sexual destes tempos?

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Educação: que gênero queremos?




A questão de gênero vem me incomodando há algum tempo. Comecei a trabalhar com esse tema em 2000, quando uma amiga me convidou para trabalhar no lugar dela em uma ONG. Fui e esse tema tem ficado comigo desde então. Mudei de trabalho, mas meu olhar para essas questões continua apurado. Quando se aprende a ver alguma coisa é difícil deixar de enxergar (quando machucamos alguma parte do nosso corpo, parece que batemos nela o tempo todo, não é isso; acontecia de esbarrarmos nessa parte, mas não nos dávamos conta dela, agora ela está presente para nosso olhar, ou então perceba quando você conhece uma pessoa, parece que ela está em vários lugares comuns e antes você não a via).
Pois então, o ano de 2013 teve um grande número de reportagens sobre violência sexual. A cada nova reportagem esbravejava mas continuava meu trabalho, até que me contaram de um adolescente que abusou de uma colega de sala. Fiquei indignada, com assim? Um adolescente de 14 anos abusando de uma colega de sala? Tratar de gênero nas escolas é fundamental, pois depois de tanta conquista das mulheres elas ainda continuam a sofrer desse mal primário – tratar as diferenças como coisas menores.
Agora não dá mias para ficar parada! Vamos fazer diferente
Mas, qual o modelo de homem que oferecemos aos garotos? As mulheres modificaram o estereótipo de mulheres frágeis, enfrentaram o mercado de trabalho, enfrentaram o preconceito de mostrarem a sexualidade, lutaram pelos direitos sexuais, mas os homens ficaram assistindo, fazendo poucas reflexões. Os homens ainda estão no imaginário como provedores econômicos, apesar de sabermos que muitos lares geridos por mulheres; pouco sabem sobre dividir as tarefas do lar quando temos um casal heterossexual; ou mesmo mostrar a afetividade entre seus pares é um tabu; e ainda o modelo de homem pegador ainda impera, estão descritas nas músicas que estão fazendo sucesso.

E as músicas!!! Essas não colaboram nada para trabalhar a questão de gênero. Dizem: “Ai se eu te pego, ai, ai...” ou “bunda pra cima, bunda pra baixo”, então, uma música que toca em todas as rádios, as mulheres cantam como se não lhes dissesse nada. As coreografias enfatizam a bunda das mulheres, como se as mulheres fossem apenas bunda...
As mulheres nesses locais aprecem de roupas curtíssimas, rebolando, com a bunda sempre pra trás, como se isso fosse o importante, todo o resto do corpo e a sensualidade foi jogada para o ralo. Então como se comportar? O encanto das mulheres está apenas no corpo, não naquilo que pensam, fazem, agem... Do outro lado, a tarde na TV, os programas exibem donas de casa cozinhando, aprendendo a fazer doces e bolos para as crianças e para o marido!
O tempo corre e pede para discutirmos essa questão, senão ficaremos as voltas com reportagens de violências sexuais, domésticas, que nos deixam estarrecidos, mas não nos movemos em outras direções.
Por que não colocarmos nas salas de aula esse tema? Não é discutir sexualidade, pois isso quase todas as escolas oferecem. Falo de discutir gênero, esse comportamento socialmente e que vem se modificando, mas precisa que dê passos mias largos!
Que tenhamos menos mulheres sendo agredidas em 2014!

Bem Vindos!



Fazer esse blog vem responder a uma inquietação minha em relação a tanta violência. Como sobreviver a isso que vem acontecendo...
O nome desse blog nasceu em uma viagem a Tiradentes (MG), num feriado de Páscoa com amigas. Nessa cidade tinha uma lojinha que se chamava De Tudo Um Pouco, e elas (amigas) brincavam que eu era assim, pois sou psicóloga e também ceramista, mas estudei música e quando criança aprendi fazer bordado, tricot e crochê. Aquilo passou, mas agora quando resolvi compartilhar minhas inquietações em um blog achei que esse poderia ser um bom nome, pois não pretendo apenas falar sobre violência.
Outra amiga também me disse um dia, que compartilhei com ela um projeto de cerâmica, que eu começasse, depois veria o que fiz. Aqui estou, não com esse projeto, mas outro de dividir com quem quiser algumas reflexões que têm me perseguido. Talvez aqui elas possam florescer, ou então morrer, mas antes temos que jogar as sementes ao vento!!!