segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Educação: que gênero queremos?




A questão de gênero vem me incomodando há algum tempo. Comecei a trabalhar com esse tema em 2000, quando uma amiga me convidou para trabalhar no lugar dela em uma ONG. Fui e esse tema tem ficado comigo desde então. Mudei de trabalho, mas meu olhar para essas questões continua apurado. Quando se aprende a ver alguma coisa é difícil deixar de enxergar (quando machucamos alguma parte do nosso corpo, parece que batemos nela o tempo todo, não é isso; acontecia de esbarrarmos nessa parte, mas não nos dávamos conta dela, agora ela está presente para nosso olhar, ou então perceba quando você conhece uma pessoa, parece que ela está em vários lugares comuns e antes você não a via).
Pois então, o ano de 2013 teve um grande número de reportagens sobre violência sexual. A cada nova reportagem esbravejava mas continuava meu trabalho, até que me contaram de um adolescente que abusou de uma colega de sala. Fiquei indignada, com assim? Um adolescente de 14 anos abusando de uma colega de sala? Tratar de gênero nas escolas é fundamental, pois depois de tanta conquista das mulheres elas ainda continuam a sofrer desse mal primário – tratar as diferenças como coisas menores.
Agora não dá mias para ficar parada! Vamos fazer diferente
Mas, qual o modelo de homem que oferecemos aos garotos? As mulheres modificaram o estereótipo de mulheres frágeis, enfrentaram o mercado de trabalho, enfrentaram o preconceito de mostrarem a sexualidade, lutaram pelos direitos sexuais, mas os homens ficaram assistindo, fazendo poucas reflexões. Os homens ainda estão no imaginário como provedores econômicos, apesar de sabermos que muitos lares geridos por mulheres; pouco sabem sobre dividir as tarefas do lar quando temos um casal heterossexual; ou mesmo mostrar a afetividade entre seus pares é um tabu; e ainda o modelo de homem pegador ainda impera, estão descritas nas músicas que estão fazendo sucesso.

E as músicas!!! Essas não colaboram nada para trabalhar a questão de gênero. Dizem: “Ai se eu te pego, ai, ai...” ou “bunda pra cima, bunda pra baixo”, então, uma música que toca em todas as rádios, as mulheres cantam como se não lhes dissesse nada. As coreografias enfatizam a bunda das mulheres, como se as mulheres fossem apenas bunda...
As mulheres nesses locais aprecem de roupas curtíssimas, rebolando, com a bunda sempre pra trás, como se isso fosse o importante, todo o resto do corpo e a sensualidade foi jogada para o ralo. Então como se comportar? O encanto das mulheres está apenas no corpo, não naquilo que pensam, fazem, agem... Do outro lado, a tarde na TV, os programas exibem donas de casa cozinhando, aprendendo a fazer doces e bolos para as crianças e para o marido!
O tempo corre e pede para discutirmos essa questão, senão ficaremos as voltas com reportagens de violências sexuais, domésticas, que nos deixam estarrecidos, mas não nos movemos em outras direções.
Por que não colocarmos nas salas de aula esse tema? Não é discutir sexualidade, pois isso quase todas as escolas oferecem. Falo de discutir gênero, esse comportamento socialmente e que vem se modificando, mas precisa que dê passos mias largos!
Que tenhamos menos mulheres sendo agredidas em 2014!

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