segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Divagações sobre a vírgula

Na semana passada, o texto do Pasquale, na Folha de São Paulo, era sobre a ordem de um enunciado. Este, mal formulado, dava uma impressão errônea do texto (ver link abaixo). O título do texto era: Grupo protesta contra falta água na sede do governo. Como sou psicanalista, pensei no sentido do erro!!! 
Primeiro: como assim, só nos, pobres mortais, deveríamos sofrer com a falta d'água? Acho que todos gostaríamos de que faltasse água na sede do governo, não é? Acho que o erro foi proposital, sim!!! O título como apareceu deixava os leitores irritado e suscitava a leitura do texto, não?
Segundo: como na reforma ortográfica o acento diferencial foi suprimido, não poderia ser uma ironia do autor brincar com a falta d'água e falar sobre a sêde do governo? Nesse momento, nosso governantes estão sedentos pelo poder: brincam como crianças de governar.
Assim, a possibilidade de brincar com a linguagem é daqueles que conhecem. Quando se diz que somente um povo educado pode mudar o rumo do país, gostaria de acrescentar, que só um povo educado pode brincar com sua língua, com sua cultura, pode-se tirar proveito do que se apresenta... Por que tantos riem com as piadas do Macaco Simão? Porque se apropria da situação e brinca com ela. Falta isso quando não temos domínio da língua.
Outro dia, uma amiga contou que por ocasião do aniversário de um amigo mandou um torpedo: Parabéns, felicidade. Beijos (no plural) (sic). Esses parenteses vieram por um texto publicado aqui dizendo da felicidade no singular. Como essa pessoa goza da amizade dela, brincou: São aqueles três beijos de tia ou são beijos de amigo gostoso (sic). Isso tudo sem vírgula, como escrevi aqui. Como era um torpedo, disse que queria ser econômica na digitação e daí usou o artificio da supressão da vírgula, dando duplo sentido à frase. Só pode fazer isso, pois sabia usá-la. Brincar é tão bom, e ainda, "já não ia ganhar abraço e nem beijo ao vivo, pelo menos uma brincadeira!"
Já estamos morrendo de sede e não podemos morrer de sede de cultura?


http://www1.folha.uol.com.br/colunas/pasquale/2015/02/1585378-falta-agua-na-sede-do-governo.shtml

Nenhum comentário:

Postar um comentário